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Caderno 3

BIENAL DE DANÇA

A cidade da dança

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Parte dos bailarinos da Paracuru Cia de Dança junto a coreógrafa francesa Cathérine Legrand
WALESKA SANTIAGO
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Atividade inicial da 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará, a Paracuru Cia. de Dança trabalha em remonta- gem do espetáculo "So Schnell", do coreógrafo francês Dominique Bagouet. O resultado será visto dia 21, durante a Bienal

fotos: waleska santiago

Localizada a 100 km de Fortaleza, no Litoral Oeste do Estado, Paracuru não é só a cidade de um dos carnavais mais alegres do Ceará. É, também, um celeiro de talentos para dança. O trabalho realizado pela Paracuru Cia. de Dança é exemplo disso.

Há dez anos, o grupo, dirigido pelo experiente coreógrafo Flávio Sampaio, tem se destacado pela qualidade e a precisão de seus espetáculos, além das atividades artísticas e educativas realizadas n a Escola de Dança do Paracuru, que já atende cerca de 200 jovens da cidade. A instituição é uma das que mais possuem alunos do sexo masculino estudando. Fica atrás apenas do tradicional Teatro Bolshoi, na Rússia.

Sonho
Lairton Freitas, 27, é um dos primeiros bailarinos a integrar a companhia. Hoje, formado em Biologia e com pós-graduação em Fisiologia e Biomecânica aplicada ao Exercício Físico, ele relembra o começo dessa história. "No início éramos um grupo de quatro pessoas que desejava apenas aprender dança de salão, mas a medida que nos envolvíamos com dança, a vontade de aprender mais sobre ela crescia. Então, fomos atrás de ajuda para trazer um professor para cá. Nessas idas e vindas, conhecemos o Flávio. Tudo começou a melhorar pra gente".

Com o auxílio do coreógrafo, o grupo passou a ter conhecimentos de street dance, jazz e dança contemporânea. O balé clássico também foi fundamental nesse processo de formação.

"Flávio falou que ia nos ajudar, mas, se quiséssemos realmente conhecimento, tínhamos que ter noção de clássico. Isso, pra mim, soou muito estranho. Imagine eu, um menino de 15 anos (na época), surfista e filho de pescador, ter que dançar balé! Mas, o interesse pela dança foi maior que tudo. E, assim, vieram a companhia e a escola de dança. Um sonho que tem proporcionado outros a muitos jovens e crianças".

Tanta dedicação tem rendido a Paracuru Cia. de Dança reconhecimento por parte de outros grupos e a possibilidade de vivenciar experiências importantes, como a que tem passado desde a semana passada.

Intercâmbio
Como parte das atividades de formação promovidas pela 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará, a companhia participa do Ateliê de Remontagem Coreográfica, onde encenarão trechos de "So Schnell" (1990). Espetáculo idealizado por Dominique Bagouet, um dos precursores da nova dança contemporânea francesa.

A ação é conduzida pelos bailarinos franceses Cathérine Legrand e Sylvain Prunenec. Os dois eram integrantes da companhia de Bagouet e, após sua morte, em 1992, têm buscado preservar seus ensinamentos com a criação do grupo Carnets Bagouet, que remonta e transmite o repertório do artista para outras companhias do mundo.

A primeira apresentação da remontagem de "So Schnell", está prevista para o dia 21 de outubro, às 19 horas, no Teatro David Linhares em Paracuru, quando já será conhecido o resultado da primeira etapa do ateliê conduzido por Cathérine Legrand. No dia 27, o grupo apresenta o espetáculo, às 21 horas, no Teatro Dragão do Mar, em Fortaleza.

"O espetáculo original tem uma hora de duração. Essa é uma remontagem de 20 minutos, mas que respeita a cronologia original. Por causa do pouco tempo para ensaiá-la, não dá para trabalhar muitas coisas, apenas o essencial. Estou muito feliz com o resultado, os bailarinos são muito talentosos e curiosos. Dá para fazer um trabalho de interpretação com eles", comenta Legrand.

O bailarino Alex Santiago, também, um dos primeiros a compor o grupo, vê essa experiência como significativa não só para o currículo, mas um reconhecimento ao trabalho que vem realizando. "Temos um bom convívio com a Bienal Internacional de Dança do Ceará, já abrimos a sétima edição em 2009, ao lado do Ballet de Lorraine, da França, e da São Paulo Companhia de Dança. Foi uma alegria grande saber que íamos participar dessa atividade agora. Essa é, inclusive, a primeira vez que o espetáculo francês vai ser encenado fora da Europa".

A 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará acontecerá em Fortaleza e mais dez cidades do Estado. A abertura oficial, que acontece na Capital, será no dia 21 - e, aqui, o evento segue até dia 29 de outubro. A última atividade será no dia 6 de novembro, em Nova Olinda, no Cariri. Toda a programação é gratuita.

Mais informações

8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará, em Fortaleza e mais dez cidades cearenses. Abertura oficial acontece dia 21 de outubro na Capital. Gratuita. Programação completa dis- ponível em:
www.bienaldedanca.com
Contatos: (85)3045.1703.


ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER